
O Jardim Desértico é uma das mais recentes coleções do Jardim Botânico da UFRRJ e abriga 60 plantas entre espécies nativas e exóticas. O início do plantio foi em 10 de junho de 2024 e muitas ainda estão em estágio de identificação, mas algumas amplamente conhecidas, como Mandacaru, Babosa e Ora-pro-nóbis fazem parte do acervo. A coleção fica próxima à sede do JB, ao lado do lago, e está aberta ao público.

O que é um jardim desértico? A intenção da coleção é aclimatar espécies xerófilas, que são plantas adaptadas a regiões de clima seco, como cactos e suculentas. Por estarem acostumadas a solo e clima áridos, realizar a conservação dessas plantas requer método e conhecimento sobre suas características. Mesmo que a manutenção seja simples, é importante manter um bom trabalho de drenagem e limpeza para evitar encharcamento e outros danos.

As plantas da coleção se caracterizam por apresentarem adaptações morfológicas, como por exemplo a presença de espinhos em substituição das folhas nos cactos, caules e folhas com reserva de água, que servem como defesas naturais contra a desidratação. As cores costumam ser mais acinzentadas devido a presença de uma camada de cera que reduz a perda de água.
A maioria dos indivíduos no Jardim Desértico do JB-UFRRJ vieram de uma doação de plantas resgatadas em área a ser desmatada para construção do Complexo Eólico da Serra da Babilônia II, entre os municípios de Morro do Chapéu e Várzea Nova, no interior da Bahia. A Rio Energy e a Pontal Energy, empresas responsáveis pelo empreendimento, contrataram a IPF Soluções Florestais para o resgate das espécies presentes no local. Após a recuperação das plantas, a IPF realizou as doações. Alguns espécimes foram destinados para outras áreas na Bahia, no semiárido, onde elas normalmente ocorrem. Outros foram levados para jardins botânicos, como o do Rio de Janeiro e o de Seropédica, a fim de realizar a conservação ex situ, ou seja, a preservação de espécies fora do seu habitat natural.
Após a chegada dessas plantas à Seropédica, algumas delas morreram por estarem sem as condições ideais de conservação. Por isso, surgiu a ideia da criação do Jardim Desértico, com a intenção de aclimatar as plantas adequadamente. No entanto, num primeiro momento, não havia espaço e material necessários para isso. A ideia pôde ser executada quando houve uma reforma no telhado do Pavilhão Central da Universidade. “Quando ocorreu a obra no P1, a gente viu a oportunidade de usar o entulho para deixar o solo mais drenado e elevar o terreno para tirar o contato das plantas com a terra, porque o solo aqui é muito úmido. Se a gente plantasse diretamente nele, as plantas iriam morrer”, explicou o coordenador do Jardim Botânico, Marcelo Souza.

Com o terreno elevado pelo entulho foi necessário cobrir com pedras para melhorar o efeito visual. Essas pedras foram doadas pela Empresa de Mineração Fonte Limpa – EMFOL, localizada no município de Seropédica. Após essa etapa, o plantio das mudas vem sendo realizado e sempre que possível a coleção vai se ampliando com a aquisição de novas espécies. “O efeito dessa organização é que, agora, as plantas se desenvolvem muito melhor e estão mais vistosas”, completou Marcelo.
Atualmente, a coleção está numa fase de catalogação. As espécies estão sendo identificadas e registradas pela equipe do Jardim Botânico para a produção de placas informativas. Além dos nomes, as placas vão oferecer conteúdo explicativo sobre elas: a que família pertencem, onde ocorrem, como se adaptam e o estado de conservação na natureza (se estão ameaçadas de extinção ou não).


As estudantes do curso de Ciências Biológicas Lorena Tenório e Thayná Diniz, que cumprem estágio supervisionado com educação ambiental no JB, auxiliam na elaboração das placas informativas do Jardim Desértico. Além disso, elas realizam a condução das visitas. “É importante esse contato. Principalmente para a galera do sudeste, que não tem muito conhecimento dessas espécies. É legal conhecer a diversidade que tem no Brasil e fora do Brasil”, disse Thayná.
Para Lorena, conhecer o Jardim Desértico também pode servir como um importante alerta: “Essas espécies estão adaptadas para o clima seco, mas hoje em dia, com as mudanças climáticas, elas podem sofrer impactos. É importante, para a educação ambiental, ter essa perspectiva. Além disso, com a conservação feita aqui, é uma forma de reintroduzir essas espécies nos seus habitats naturais, caso seja necessário”.

Texto: Caio Azevedo – estudante de jornalismo, estagiário do Jardim Botânico
Supervisão: Alessandra de Carvalho, professora do curso de Jornalismo
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